Wednesday 24 July 2013

Como a sociedade Chinesa e Portuguesa estão muito mais próximas e como isso pode ser uma Vantagem Competitiva para nós

A forma das pessoas se relacionarem na sociedade chinesa está muito mais próxima da portuguesa do que eu imaginava.
O objectivo de hoje é em primeiro lugar provar esse paralelismo e em segundo lugar concluir, que Portugal pode ser estratégico na aprendizagem de Ocidente-Oriente. Vejamos por partes. O Guanxi, que em tradução directa significa “relações” tem muito mais que ver “onde socialmente” as pessoas nascem e quem conhecem e menos com habilitações ou competências.
Pois se observarmos a sociedade portuguesa hoje, há 100 anos ou há 500 anos, dificilmente um cidadão português de classe média/baixa, vulgo comum, consiga ter acesso aos mesmos contactos ou serviços caso não pertença a determinada rede de amigos e conhecidos (vulgarmente chamado de network).
Hoje contou-me a Yu Xin, que em Portugal é minha professora de mandarim, mas que por acaso é economista. Ela veio para Portugal há 6 anos para acompanhar o seu namorado. Ele também de Shanghai e depois de 2 anos em UK a fazer o seu MSc., ele concorreu e conseguiu uma bolsa da Fundação de Ciência e Tecnologia (FCT) para o seu Doutoramento (PhD) em Telecomunicações. Eles foram pais de um bebé há 2 meses e ela dirigiu-se à instituição de direito para pedir o Passaporte Português do seu filho, e sem lhe darem qualquer tipo de informação ou ajuda, negaram-lhe o pedido e ela concluiu que afinal queriam mesmo era “despachá-la”.
Ora bem, se ela fosse talvez (repito, talvez) do corpo diplomático, CEO, COO, directora duma empresa Portuguesa (ou até melhor, Chinesa), ou talvez (mais uma vez talvez) vivesse em Cascais ou na Quinta Patino talvez isto não tivesse acontecido desta forma. Porque muito provavelmente a Yu Xin teria conhecido (nos vizinhos, no trabalho, enfim na sua rede social) alguém que conheceria alguém que trabalharia no Ministério da justiça ou no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e que claramente ajudaria e (quem sabe) talvez até aceleraria todo o processo.
Não pretendo com este texto criticar a forma nem a sociedade Portuguesa nem Chinesa, relembro que o objectivo do texto é primeiramente provar algum tipo de paralelismo entre Guanxi e “cunha”. Creio que isso foi alcançado. Este é apenas um de muitos exemplos….
Outra questão importante analisar são quais os pontos e fatores determinantes para que um gestor seja bem-sucedido na sociedade Chinesa.
1. Oportunidade. Entenda-se por oportunidade circunstância, conforme Ortega y Gasset. O facto de nascer em determinado país, meio social, ou de conhecer determinadas pessoas durante o percurso da vida, são e podem ser fundamentais no sucesso de determinada pessoa ou negociação; este ponto é fundamental não só na sociedade chinesa, mas em qualquer uma. Este ponto é transversal.
2. Paciência e respeito pela cultura. A sociedade chinesa aprecia que as propostas, a forma de trabalhar seja largamente acompanhada de refeições, discussões (às vezes consideradas pelas mentes mais pragmáticas de “intermináveis”) à volta do mesmo tema. Este ponto é fundamental e é muitas vezes difícil de entender para as sociedades anglo-saxónicas, mas a verdade que é os chineses não acreditam que conseguem trabalhar com pessoas que não sejam amigos. Ora bem, uma pessoa só passa de conhecida a amiga, quando há confiança; a confiança só se ganha com compromissos de ambas as partes, e claro, tempo. Esse tempo pode ser passado em refeições, banquetes e conversas. Muitas vezes envolve passar tempo com a família e até ajudar membros da família a atingir determinado objectivo ou determinado contacto. O respeito tem directamente que ver com a necessidade de conhecer as tradições e normas da sociedade chinesa, como seja onde se sentar num banquete ou nunca perguntar o que é a comida e aceitar com um sorriso e provar. Sempre!
3. Perseverança mas sem falhar. A perseverança é factor que creio também aplicável a muitas outras sociedades se não a todas. Hoje em dia, para sermos bem-sucedidos devemos ser persistentes, caso contrário não vamos a lado nenhum. Não quer com isto dizer que devemos ou que temos o direito a falhar. Muito menos o direito a dar parte fraca.

O exercício agora será voltar a ler os três pontos acima mas lugar de pensarmos na sociedade Chinesa, aplicar os exemplos à nossa sociedade Portuguesa. A verdade é que são incrivelmente parecidas.

Creio que com isto posso concluir que Portugal, sendo um país ocidental e do sul da Europa, onde vivem Portugueses, um dos povos mais hospitaleiros e de fácil trato do mundo, pode servir e ter aqui uma vantagem competitiva que é alavancada em treinar executivos anglo-saxónicos na sua integração (talvez mesmo em tom de estágio) no caminho para a China.







Friday 28 June 2013

Mr. China e a (não) salvação da economia ocidental

Acabei de ler um livro que me foi sugerido por um consultor, palestrante e seminarista que é um dos meus favoritos em Portugal.
Esta recomendação veio a propósito do fenómeno económico da China e do seu impacto global. Tenho a sensação que de repente a China vai ser a salvação para as empresas no ocidente (!). Gostaria de vos dizer porque é que isso não vai acontecer enquanto os ocidentais não entenderem vários conceitos intrínsecos da sociedade Chinesa.
Mr. China é o primeiro e único livro (publicado) de Tim Clissold. Relata as aventuras (e desventuras) de Clissold na China sobretudo no início dos anos 90. Ele aborda o desenrolar dos acontecimentos que ele próprio viveu, com uma ironia e sentido de humor muito peculiar. Acabamos por nos habituar e entender porque é que é esta a única forma que ele encontra para nos contar as histórias mais incríveis.
Talvez pudesse ter ido mais longe, ter sido mais cínico, mas a sua abordagem, a forma como descreve os hábitos, as negociações, o entendimento dos acordos e contractos são suficientemente elucidativos para nos transportar para uma realidade quase paralela, mas que é possível entender com vontade e paciência.
Clissold, fluente em mandarim, conhece um magnata de Wall street, que no livro dá o nome de Pat (nome fictício) em Hong Kong. É aliás Pat que dá o título ao livro, o Sr. China. Ambos homens empreendem um projecto herculiano. O objectivo era transformar um fundo que atinge o valor de 400 Milhões de USD, em valor acrescentado, através da aquisição de fábricas por toda a China.
Clissold narra na primeira pessoa as três etapas de todo este processo de criação e destruição duma fortuna. A Primeira, angariar o dinheiro, nos EUA, que para Pat foi bastante acessível; a segunda, tentar entender o sistema chinês, entrar no lobbying, no que está por detrás da muralha, e em terceiro, adquirir fábricas por todas as províncias da China. Com o passar dos meses, fábrica atrás de fábrica, vão-se transformando num verdadeiro desastre, seja por causas sociais, políticas ou mesmo por fraude; incrivelmente todas as situações de insucesso, registadas nos manuais, aconteceram-lhes. E assim desaparecem 400 milhões de dólares.
No desenrolar deste livro, Clissold dá-nos uma perspectiva e explica-nos com exemplos o significado de Guanxi. Guanxi, cuja tradução directa é “relações sociais”, mas que diz respeito às pessoas se definirem não por quem são, mas por quem conhecem; também incide sobre o termo Miànzi (face, perder a cara), que está relacionado com honra, respeito e reputação. Estes dois conceitos são tão intrínsecos na sociedade chinesa que sem os entendermos e os respeitarmos não vai ser possível aproximar as relações ocidentais com a China, e muito menos conseguir concretizar qualquer negociação.
Para mim fica uma grande lição da “Arte da Guerra” de Sun Tzu quando refere que em circunstancias limite, a melhor solução é sair de combate.
Este é um livro obrigatório para as escolas de gestão, para quem está a pensar estabelecer relações económicas ou sociais com ou na China, ou para quem simplesmente quer conhecer um pouco mais como este país pode ser tão antagónico e misterioso para nós, ocidentais.
E mesmo com todas estas lições e experiências vividas e relatadas, veja-se o mais recente caso da Apple na China que termina em vergonha e um grande pedido de desculpas. (ver referencia abaixo).

Nota: Tim Clissold continua a viver na China. E Pat também!

Referências:
1. Mr. China: A Memoir, Harper Business, 2005
2. http://en.wikipedia.org/wiki/Guanxi
3. https://en.wikipedia.org/wiki/Face_(sociological_concept)
4. http://www.forbes.com/sites/jackperkowski/2013/04/08/apple-another-lesson-on-what-not-to-do-in-china/

Wednesday 26 June 2013

Warren Buffett e as mulheres como a solução para a prosperidade económica nos EUA

No passado mês de Maio, a jornalista Pattie Sellers fez a primeira entrevista “social” (online) ao Sr. Warren Buffett a propósito do seu mais recente artigo (essay) em que ele reflecte porque é que as mulheres são a chave para a prosperidade dos Estados Unidos. A entrevista com participação de audiência física e virtual vai para além do artigo, incluindo conselhos para os jovens de hoje.
Buffett faz uma introdução e viagem ao passado do seu país relembrando que embora os EUA tenham tido aprovação do Direito a Voto Feminino em 1920, não é só até 1981, que a primeira mulher é nomeada pelo presidente Reagan, para o Supremo Tribunal da Justiça. Essa mulher chamava-se Sandra Day O'Connor.
Chega ironicamente a mencionar o que ele designa sobre a Lotaria Ovárica, pois acredita que, tendo nascido ele próprio em 1930, tivesse ele nascido mulher jamais seria quem é hoje. As suas irmãs foram educadas para se concentrarem em “festas de jardim”.
A propósito da principal mensagem do livro “Lean In” de Sheryl Sandberg, COO do Facebook, que incentiva as mulheres a serem mais assertivas nas suas carreiras (e ajudarem-se mais umas as outras), ele faz um paralelismo sobre uma mulher brilhante, que teve oportunidade de conhecer muito bem, a falecida Katharine Graham, CEO do Washington Post. Embora vencedora dum prémio Pulitzer pela sua biografia, foi a primeira mulher na Lista dos CEO’s da Fortune 500, e nunca, até ao dia em que morreu, deixou de ser insegura, e sentir-se inferior relativamente aos homens.
Buffett proporciona-nos uma entrevista com toda a frontalidade, humildade e honestidade que poucos milionários, quase nenhuma figura pública faria e nenhum político imaginaria fazer. Buffett faz comentários sobre a Berkshire Hathaway não ter política de diversidade (e chega a afirmar muitas destas politicas nos relatórios de outras empresa são manobras de diversão), que muitas vezes tomou decisões sem perguntar à sua Admnistração (afinal a empresa é dele!), que nunca descriminou género ou raça, mas sim intelecto e carácter, que bem ou mal, até 2003 não tinha nenhuma mulher na admnistração da Berkshire excepto a sua primeira esposa, Susan; que não tinha uma relação próxima com a mãe. Estes entre tantas outros factos e verdades sobre este homem fascinante que não pára de me ensinar.
Um dos grandes ensinamentos da sua carreira, diz, “é que o grande erro não é contratar uma pessoa em prol da outra, o erro é contratar as pessoas erradas”.
Mas não é até uma aluna lhe perguntar como ele definiria sucesso, que Buffett me surpreende. Ele responde que o importante não é o dinheiro ou fama que atingimos e o que queremos ou conseguimos da vida. Não importa se temos o nosso nome na rua, se atingimos recordes mundiais ou impérios financeiros; se não temos pessoas que nos amam e se preocupam connosco, então não temos sucesso. Tudo isto poderia ser o habitual politicamente correcto até ele utilizar um exemplo peculiar para o demonstrar. Uma senhora, que tinha sido vítima do Holocausto, uma judia de origem polaca, que ele conheceu poucos anos antes dela falecer, em Omaha, EUA disse-lhe um dia: “Warren, eu sou muito lenta a fazer amigos, porque quando olho para uma pessoa, penso para mim mesma, se eles um dia me esconderiam”.
Obrigada pelos ensinamentos.

Saturday 22 June 2013

Are Sisters really doin' it for themselves?

Ontem estava a ouvir uma das minhas músicas favoritas para jogging quando decidi ouvir, realmente ouvir a letra da música. Esta música, escrita em 1985, pela incrível Annie Lennox, qu não só é uma das mulheres mais influentes na indústria discográfica da actualidade é também conhecida pelo seu activismo politico e filantropia. O dueto cantado pela própria Lennox e uma poderosa Aretha Franklin está cheio de boas intenções e continua a ser uma dos hinos feminista mais conhecido.
Mas infelizmente uma música que está cheia de boas intenções, querendo celebrar a consciente liberação do estado feminino (“ this is a song to celebrate the conscious liberation of the female state") acaba por cair numa serie de "clichés" que não ajudam em nada a liberação da mulher, chega mesmo a julgar-nos. A comemoração das mulheres médicas, advogadas e até mesmo políticas chega uns 50 anos atrasada.
Quando Lennox diz que as mulheres estão a sair da cozinha (“So we're comin' out of the kitchen”) e que têm um novo exterior (“The inferior sex has got a new exterior”) que é que realmente quer dizer? Que as mulheres precisaram de um banho de loja? Mas é na parte final que afirma que afinal os homens não se têm de preocupar porque as mulheres continuam a gostar deles e os homens podem continuar a gostar delas, da mesma maneira (“don’t worry, fellas, we aren’t plotting anything crazy! “A man still loves a woman and a woman still loves a man”)
Longe de mim criticar a Dame Annie Lennox, que tanto admiro e que é uma grande inspiração para mim desde que me conheço. O meu ponto é outro, quero chamar a atenção para mensagens bem intencionadas que nem sempre são bem conseguidas.
Mas temos outros exemplos na música. Algumas delas que cantarolamos, dançamos e nem nos damos conta das letras que não são nada positivas para a igualdade das mulheres na sociedade.
Vejamos o caso de duas músicas da estrela Beyoncé. Ambas escritas em 2008 (!) “Single Ladies” e If I Were A Boy” chegam mesmo a ser catastróficas para a luta da igualdade de géneros. Na primeira, a Beyoncé confiante e segura, diz ao seu ex-namorado que está agora a fazer o seu próprio caminho mas depois de ter chorado três (!) anos (“Just cried my tears, for three good years”). Até aqui, tudo bem; sabemos que há relações e perdas que nunca chegam a ser superadas…Mas objectifica-se quando diz “'Cause if you liked it, then you should have put a ring on it”, em que ela é o “It” e que aparentemente o que uma mulher quer é compromisso e um anel, famoso talismã que garante finais felizes(!). Afinal o que ela quer é um homem que se comprometa. Como o ex não o fez, ela arranja outro que faça. Isto sempre, independentemente da relação funcionar ou não, pois termina dizendo que se ele não se compromete ela desaparece como um fantasma (“ If you don't, you'll be alone, and like a ghost, I'll be gone”). Na segunda música, há um interessante jogo de géneros (em tom de Tootsie) mas que acaba por ser usado não para realmente ter uma experiencia de género per se, mas para chamar a atenção e potencialmente corrigir aquilo que ela não gosta do seu parceiro, melhorando a sua relação “ideal” homem-mulher. Acaba por cair num estereótipo que para nada reflecte (ou deveria) a sociedade ocidental do séc. XXI.

É tão importante que as porta-vozes, lideres de opinião famosas, que são ouvidas e seguidas por milhares, se não mesmo milhões de jovens e adultas, tenham atenção as mensagens que comunicam. Todas nós anónimas temos responsabilidade, mas as figuras públicas tem uma responsabilidade acrescida e devem ter extra cuidado.

Afinal, estas são mensagens que podem mesmo alterar a história e a igualdade de géneros das próximas décadas.


Wednesday 19 June 2013

Sousa Mendes' List

Ontem estive em Bordéus. Foi aqui (e mais tarde em Bayonne) que Aristides Sousa Mendes foi cônsul de Portugal antes do inicio da II guerra mundial e salvou milhares de refugiados(contam-se pelo menos 30.000 pessoas entre os quais 10.000 judeus). Decidi perguntar a algumas pessoas, neste caso, 10 habitantes locais, todos com mais de 40 anos (embora não seja estatisticamente relevantes vale a pena não rejeitar) se conheciam este senhor, relevantíssimo herói da historia da II Guerra Mundial, por sinal Português. E, para meu espanto, nenhum deles conhecia Aristides de Sousa Mendes, nem da casa onde ele vivia nem sobre o que aconteceu naquela mesma cidade entre 1939 e 1940. (Os Portugueses que eles conheciam era os mestres de obras, amas de casa, e todos os que ajudam todos os dias a construir a França, mas o Aristides, esse não conheciam).

Porque é que me senti desiludida com isto? (infelizmente os dedos das mãos não chegam para contar quantas outras vezes já passei por situações parecidas a esta.

Porque é que o Steven Spielberg, quando decidiu fazer um dos seus melhores filmes (uma obra-prima se preferirem) sobre um alemão que salva 1.300 judeus e lhe concede notoriedade mundial, transformando-o num dos mais aclamados heróis da II Guerra Mundial, não investigou melhor? Descobriria um outro homem, também herói, mas que em vez de 1.300 judeus salva 30.000 pessoas das mesmas garras dos Nazis.
Poderíamos argumentar que a história de Schindler é mais rica, mais dramática e que originaria um melhor filme.
Partindo dessa premissa, vejamos os argumentos. 1. Que pode ser mais dramático que um cônsul, que já tinha exercido funções em regiões exóticas como a Guiana Britânica, Zanzibar e Brasil, reconhecido oficialmente pelo Rei da Bélgica, amigo do próprio Einstein que conheceu na Bélgica; versus um industrial que se muda para a Polónia com ajuda da SS e da gestapo para ganhar dinheiro numa fábrica que produz armamento com mão de obra barata ("judia") dos campos de concentração. 2. Aristides teve 14 filhos com Maria Angelina. Schindler não teve nenhum, era jogador, um homem que sempre teve amantes, mas esta parte nem sequer é mostrada no filme. 3. Interessantemente Schindler chegou a pertencer ao partido Nazi (registo de 1938) e foi apenas em 1943, que algum episódio dramático o marcou e ele começa a ajudar os seus trabalhadores a fugir. 4. Em relação a punições, Sousa Mendes foi castigado com processos disciplinares por Salazar tendo-lhe sido retirada a carreira diplomática e possibilidade de exercer advocacia; seus filhos foram perseguidos e obrigados a emigrar. Aristides Sousa Mendes, anónimo para Israel e para a comunidade judaica acaba por morrer na miséria. 5. Schindler não tem de ir para a cadeia graças aos depoimentos de judeus, e quando acaba a guerra ele e a sua mulher vão para a Argentina; foram reconhecidos em vida pela comunidade judaica tendo-lhes sido concedido uma pensão vitalícia.

Não estou a julgar o Sr. Schindler, a quem temos muito a agradecer, mas a minha verdadeira questão é porque é que não foi feito o (Sousa) Mendes' List em vez do Schinlder's List? Já vimos que não foi pelo argumento, também não foi pelo numero de pessoas salvas, nem pelas consequências dos seus actos ou seja não foi pela riqueza do argumento. Talvez uma das razões seja porque o livro sobre Schindler tenha escrito por Thomas Keneally em 1982? Talvez.
Mas a verdade é que tarde ou cedo, Sousa Mendes foi reconhecido em 1966 como "Righteous Among the Nations", honra concedida por Israel e finalmente em 1988, todas as queixas e processos contra Sousa Mendes, são retirados pelo Governo Portugues. E mesmo assim, de todos os livros escritos e publicados na França da II Guerra, nenhum, repito, NENHUM, fala deste homem.

Pensemos em conjunto? Será que esta história tem muito ou pouco que ver com Portugal? Será este mais um exemplo que demonstra não sabermos construir marcas em Portugal?

continua.




O Inicio. The beginning.

Esta semana um amigo disse-me que não devia esperar mais para começar o meu Blog, até porque tinha imensa coisa a dizer e partilhar, e não tinha necessariamente de estar outra vez no estrangeiro para o fazer. Fiquei a pensar nisso estes dias. Uma coisa ele tinha razão, realmente não tinha de esperar; a outra, de ter coisas interessantes a partilhar com os demais, já não sei. Isso depende da opinião de cada leitor.
Esta é a história (simples desta vez) que deu origem a um Blog que há muitos, muitos anos era devido.
Obrigada pela insistência.
O objetivo deste Blog não é debater um único tema e sim, acompanhar-me nas minhas experiencias diárias, sobretudo as caricatas e menos ordinárias possíveis; umas podem mesmo ser extraordinárias (de vez em quando não nos damos conta, mas estas experiências acontecem).

PS. Gostaria de avisar que alguns dos "posts" serão escritos em Inglês e outros em Português, alguns em ambos os idiomas.
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This week a friend told me that I should not wait to start my Blog, because I had a lot of things to say and share, and did not necessarily had to be abroad again to do so. I was thinking about what he told me these few days. One thing he was right, I really did not had to wait; the other, to have interesting things to share with others, I don't know. That will depend on the judgment of each reader.
This is the story (a simple one really) that gave rise to a Blog that was due for many, many years.
Thank you my friend for pushing me.
The purpose of this blog is not to debate a single topic and rather take on my daily experiences, specially the ones who are caricaturized and less common possible, some may even be extraordinary (sometimes we don´t even realize that).

PS. I would like to share with you that some of my posts will be in Portuguese, others in English and some in both languages.